Alexandre Pais

Sporting: afinal, não acabou

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Depois de terem feito saco de boxe de José Eduardo, alguns comentadores mais conotados com os rivais do Sporting – ou que julgam apenas ficar-lhes bem a truculência – encontraram um novo bombo da festa: Bruno de Carvalho. É uma raiva de meses, quase a transformar-se em anos, que finalmente deitam cá para fora.
Mas como tudo na vida, uma coisa são os desejos e outra, diferente, é a realidade. E o que se deve concluir das tréguas decretadas pelo presidente leonino – uma paz podre, com mais condições de fazer voltar o confronto do que capacidade para sarar as feridas? – é que Bruno Carvalho tomou não só a decisão que melhor defende os interesses do Sporting, como deu um sinal importante de qualidade como líder.
O que se passou antes correu muito mal. Mas nem Deus tem o dom de emendar o que está feito, pelo que solucionar um problema, ultrapassar uma tragédia ou ignorar até a morte para se poder seguir em frente é o que importa. Ao compreender que a saída para uma crise provocada pela lavagem pública da roupa que se sujou dentro de casa só se conseguia encontrar minimizando os estragos do passado e olhando o futuro, Bruno de Carvalho fez prova de uma maturidade que muitos teimam em negar-lhe – em especial alguns co-responsáveis pelo estado de pré-falência, financeira e desportiva, a que o Sporting chegara em março de 2013.
Com o funeral deste machado de guerra muito ganha também Marco Silva. Porque recebeu o apoio inequívoco dos adeptos, porque os jogadores responderam com empenho e alegria ao que consideraram ser um desafio ao seu profissionalismo e à coesão do grupo de trabalho, e porque um treinador sem paz e sem o apoio de quem gere não pode ter sucesso. Há gente frustrada: afinal, não acabou. É bom ver a estupidez derrotada.
Canto direto, Record, 5JAN15
 

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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