A entrevista de Frederico Varandas à SIC confirmou o que já se sabia: o discurso do presidente do Sporting é um desastre comunicacional. Esse “gap” é agravado pelo facto de o dr. Varandas não demonstrar a menor capacidade para perceber a figura que faz e, logo, para arrepiar caminho. Se hoje mesmo voltasse a sentar-se à frente de Teresa Dimas, repetiria de novo inúmeras vezes – que suplício para o telespetador! – o nome da entrevistadora no início de cada resposta… Por muito bom gestor que o líder leonino venha a revelar-se, falhará sempre nos seus propósitos se não levar a sério o trágico problema que tem com a comunicação.
Pode Frederico Varandas pôr os olhos no seu último contratado, Jorge Silas, um excelente comunicador, que muito terá de recorrer a esse dom para se fazer entender – para dentro e para fora. É que o ex-técnico do Belenenses SAD aceitou um trabalho para homens de barba rija: treinar um clube mais acossado por oposições internas do que pelos adversários que tem de enfrentar em campo. Silas vai precisar que a direção do Sporting caucione a sua difícil missão, sabendo que, se os bons resultados não surgirem, ninguém segurará a direção que deveria suportá-lo.
A situação que Silas encontrou em Alvalade tem tudo para que o seu desempenho não dê certo: um plantel curto e com monos, uma equipa a jogar sobre brasas, um capitão que se tornou num gerador de instabilidade – por muita razão que por vezes se lhe reconheça quando perde a cabeça – e uma chusma de comentadores televisivos “amigos” que se guiam mais pela agenda pessoal e pelo síndrome da intriga permanente do que por uma análise positiva que ajude a construir. Se a isso juntarmos um presidente que não deu tempo a José Peseiro, nem a Tiago Fernandes, que despediu Marcel Keizer e afastou Leonel Pontes – sinal de que correrá igualmente com um quinto treinador mal lhe caiam em cima – concluiremos que só se pode simpatizar com Silas e desejar-lhe toda a sorte na sua gigantesca tarefa. Oxalá lhe chegasse.
“Algo se está passando com João Félix”, titulava anteontem a “Marca”, na edição online. Ainda é setembro e já começam.
O último parágrafo vai para os Prémios Nacionais Bento Pessoa, que distinguem este ano, na sétima edição, instituições como o Sport Club do Porto, atletas como Inês Henriques ou Fernando Pimenta, e até uma investigadora na área da genética, Sílvia Curado. Teve também o júri, presidido pelo prof. Marçal Grilo, a generosidade de me incluir na lista de premiados, como “referência do jornalismo”, o que muito me honra e agradeço. Não posso, no entanto, aceitar a distinção, por motivos de natureza pessoal que não beliscam a elevada conta em que tenho o prémio e os seus promotores. Fico ainda grato ao António Ribeiro Cristóvão e ao Luís Avelãs, membros do júri, por terem valorizado os eventuais méritos de um jornalista igual aos outros, que fez o seu percurso sem querer saber de críticas ou de elogios. A vida é o que é.
Outra vez segunda-feira, Record, 30set19
http://www.figueiranahora.com/actualidade/conhecidos-premios-bento-pessoa-casino-figueira
Sorte, Silas, que bem vais precisar!
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