Na segunda-feira em que escrevo esta coluna prevê-se para quarta o anúncio da candidatura de Rui Rio à presidência do PSD e aguarda-se que Pedro Santana Lopes avance igualmente para o duelo grisalho de punhos de renda.
Paulo Rangel, que após a bênção de Passos Coelho mais facilmente conquistaria o aparelho e poderia mandar, retirou-se antes de se apresentar, e Luís Montenegro, que se afastou da liderança parlamentar com a precisão de um relógio suíço, optou por intervir por fora. Duplo de Passos, este não é o seu tempo.
São good news para António Costa, que de uma assentada acordou de dois pesadelos. É que tanto Rangel como Montenegro se distinguiram, ao longo dos últimos dois anos – um na televisão e o outro também no Parlamento –, como os mais duros na argumentação em desfavor do Governo e do primeiro-ministro, sem hesitarem no recurso ao tom agreste e pisando mesmo a fronteira do desagradável. Porque sabem que as águas mornas são medicinais para Costa.
Mas a invocação de razões “familiares” ou “pessoais e políticas” assenta, afinal, num raciocínio de bom senso: se o diabo não vier entretanto, o PSD perderá as eleições de 2019. Até lá, Santana e Rio que tratem de correr para o mar. Só a seguir chegará para o PSD – e talvez para o País – o tempo da renovação e do futuro.
Observador, Sábado, 12OUT17
Só good news para António Costa
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