O pudor que me resta faz com que evite referir-me aqui à televisão da casa, pelo que me limito hoje a assinalar o último êxito da CMTV: o programa ‘Sábado viajante’, que ultrapassou em audiências a RTP1. É verdade, os factos têm destas coisas.
Mas mal seria na semana em que se iniciou uma guerra injusta e desigual não escolher essa tragédia como tema, ainda que sobre o conflito já se tenha dito tudo e, desgraçadamente, vá haver muito mais a acrescentar. Dirijo, assim, a minha solidariedade ao que nos atinge com mais dureza: o sofrimento de um povo amigo e quase irmão.
Sempre admirei os ucranianos. Pela sua dedicação ao trabalho, afabilidade no trato, resistência a condições adversas e capacidade de adaptação ao nosso modo de vida. E pela facilidade com que aprendem português – e se expressam, por vezes, sem sotaque. Imagino-me em Kiev, a tentar entender o que me dissessem… – não sendo propriamente burro, acredito que levaria anos.
Daí que só a amargura por tantas mortes e tanta destruição supere a tristeza que senti ao ver a fraquíssima afluência de portugueses às manifestações de apoio à Ucrânia, que juntaram meia centena (!) de pessoas em Lisboa e no Porto. Vivemos fechados em nós, nem os amigos já sabem quanto gostamos deles.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 26fev22