O êxito Syriza, na Grécia, encheu mais o Podemos, em Espanha, e Pablo Iglesias sonha ser o Alexis Tsipras do país-vizinho. E por cá?
Por cá, os partidos de esquerda – com o PS hesitante, sem saber se há-de ir na onda ou ficar-se pela praia – embandeiram em arco com os amanhãs que parecem cantar.
Calma, existe entre nós um problema sério, aliás, dois. O primeiro são os 30 e tal por cento de inquiridos que, temendo que possa ter sido em vão a política de empobrecimento colectivo que suportamos há quatro anos, se dizem dispostos a continuar a votar nos partidos do Governo. O outro é a inexistência em Portugal – pelo menos naquele horizonte que a nossa vista consegue hoje alcançar – de um Tsipras ou de um Iglésias, de uma personalidade forte, determinada, combativa, carismática e descomprometida com o passado, que represente um tempo de mudança e se mostre capaz de o liderar.
É certo que já dispomos no espectro político de dois ou três pequenos partidos ou movimentos de cidadãos que transportam os ventos da revolta contra a austeridade cega e contra o circuito fechado de interesses e vaidades em que funcionam as clássicas forças do sistema.
Mas onde devia haver um farol, como Tsipras ou Iglesias, só vi até agora, a par de pessoas sérias mas demasiado discretas, figurões e oportunistas. E com eles não Podemos – só se for para uma desgraça ainda maior.
Observador, Sábado, 14FEV15
Sem um farol não haverá cá Podemos
S