A derrota do Benfica com a Académica fez reacender a polémica em torno do novo titular da baliza do Benfica: Roberto é ou não o guarda-redes adequado às ambições encarnadas? Analisemos apenas os golos sofridos pelo espanhol frente à Briosa.
No primeiro, o centro leva a bola a cair perto da linha da pequena área. A acusação dirá que Roberto devia, mesmo assim, ter saído ao cruzamento, ou então ter ficado mais atrás, na expetativa de um possível remate. Mas a defesa argumentará que o centro foi tenso, o que não permitiria uma saída a soco. A conclusão é que o guarda-redes ficou a meio caminho, sem hipótese de atacar a bola ou de defender o remate. Qual então, o nível da sua responsabilidade no golo? Eu diria que não mais de 15 ou 20 por cento.
Quanto ao lance do segundo golo dos estudantes, um grande golo, dirá a acusação que a “chapelada” só foi possível dado o adiantamento do guardião dos campeões. Mas a defesa ripostará com a postura de toda a equipa, lançada para o ataque, e com a necessidade de Roberto ter de estar preparado para sair da baliza, fazendo de líbero, compensando assim o adiantamento da linha defensiva. A acusação replicará com um sim, mas… já que o contra-ataque iniciou-se com uma longa corrida de Paraíba sobre a linha lateral, depois com o passe para Laionel e finalmente com a execução (feliz) do remate. O guarda-redes teve todo o tempo do mundo para se recolocar. Mas a defesa terá um último argumento: a trajetória “teleguiada” do pontapé do brasileiro, que levou a bola a “fugir” do guarda-redes, a bater no poste e a entrar na baliza. A conclusão é que Roberto foi batido, sem que se consiga adivinhar se o remate teria defesa. E, sendo assim, o nível da sua responsabilidade terá, igualmente, de ser inferior a 20 por cento.
Posto isto, se as culpas do guardião do Benfica, a existirem, são diminutas, por que continua então debaixo de fogo? Simplesmente porque Roberto revela falta de confiança e transmite essa falta de confiança aos colegas e aos adeptos. Precisa de um grande exibição e de nenhumas dúvidas sobre a sua culpabilidade nos golos sofridos, em muitos jogos consecutivos.
Jesus parece disposto a dar-lhe esse tempo, mas Jesus, ele próprio, perdeu margem de manobra com as últimas três derrotas. Se o Benfica não ganhar o próximo jogo e se, ainda por cima, Roberto voltar a ser protagonista pela negativa – sendo que neste momento até a dúvida se virará contra ele – então o treinador encarnado terá mesmo perdido a sua aposta no “terceiro melhor guarda-redes da Europa”. O que, para ele e para o seu futuro na Luz, pode não ser o pior dos cenários.