1. O autor luso-moçambicano Rui Vilhena foi bem sucedido em Portugal, a trabalhar para a TVI e para a RTP, mas já está no Brasil a escrever uma telenovela, dados os condicionalismos do mercado nacional, como se dá conta nesta edição da SÁBADO. Problema semelhante é o de Fernando Tordo, que aos 65 anos prepara as malas para rumar ao país-irmão a fim de poder continuar a ganhar a vida. Diz que por cá não existe “recompensa” para a produção inteletual, uma tristíssima realidade. Mas não são só os artistas os injustiçados, pois qualquer português de 65 anos está arrumado: não tem emprego ou é roubado de forma progressiva e interminável na sua reforma, é vítima do preconceito contra os velhos e o único reconhecimento que recebe pelo que fez, ou é capaz de fazer, é a sanha persecutória do fisco. Que Tordo seja feliz.
2. Mais de 15 mil visitantes, nos dois primeiros meses, teve o museu de Cristiano Ronaldo, na Madeira, uma nova e importante atração turística da região. E lá está o Prémio Artur Agostinho 2008, que Record e o grande comunicador atribuíram ao nosso craque. Sim, é um orgulho ser parte dessa história.
3. Agrava-se a crise das universidades. Esta semana, ficámos a saber que uma delas já tem 8 milhões (!) de euros de propinas em atraso. Até acredito que estejamos a ganhar a batalha do défice, mas certo, certo é que, quando a troika se for, iremos ter muitos esqueletos a sair do armário.
4. Prossegue o doloroso circo mediático em torno da tragédia do Meco, com o absurdo a instalar-se de vez: desde a queixa-crime dos pais dos desaparecidos contra o jovem que o mar não levou – acusado dehomicídio por negligência, calcule-se, numa fase em que a Polícia Judiciária procura ainda conhecer o que de facto aconteceu – à ameaça da Lusófona de processar, por calúnias, aqueles que não respeitou – a convocatória para a missa revelou uma frieza miserável. Os adultos que pereceram, e que estavam na praia por vontade própria, sentados ou em pé, dentro ou fora de água, por decisão sua, mereciam mais consideração. Mas não devemos esquecer que enquanto não obtiverem respostas para o como e o porquêaqueles pais não conseguirão ter descanso.
5. A Autoeuropa anunciou que não fará despedimentos, apesar de tardar a chegar o novo modelo da Volkswagen, que garantirá todos os postos laborais. É mais uma vitória do compromisso estabelecido, há anos, entre a administração e os trabalhadores, que desgraçadamente não fez escola entre nós.
6. Na última crónica, apresentei incorretamente os totais da carreira da lenda do biatlo, Ole Einar Bjøerndalen: não são 373 provas mas sim 473, com 124 vitórias, mais 111 vezes no pódio e 113 no top 10. As minhas desculpas.
Observador, Sábado, 20FEV14. Tema de Sociedade da semana: entrevista a Rui Vilhena
Reflexões de inverno – 3
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