“É fácil amar os que estão longe. Mas nem sempre é fácil amar os que vivem ao nosso lado” – Madre Teresa de Calcutá, 1910-1987
Não é pacífico pôr um ponto final num ciclo da nossa carreira que nos trouxe realização profissional e felicidade, a par de incontáveis dificuldades e provações. E temos a sensação – o que na verdade não passa de uma tola pretensão – que quem nos sucede, ao fazer diferente, não fará melhor.
Acontecerá isso em vários casos, até porque há pessoas mais dificilmente substituíveis que outras. O problema é que por muita virtude que exista numa liderança, os projectos não avançam sem a dinâmica proporcionada pela mudança. Reflicto nisto ao ver as fotos de um almoço que reuniu, nas Docas, em Lisboa, alguns dos meus ex-companheiros de trabalho no Record. O pretexto foi apoiar um deles, a Teresa Horta, que luta, corajosamente, contra uma doença incapacitante e cruel.
Fico envergonhado com essas imagens, não por não serem naturais, e merecidas, mas por ver nelas a direcção do jornal e se me colocar uma séria dúvida: será que há três anos, quando era eu o director, esse evento se teria realizado e, acontecendo, se revestiria de tamanho espírito fraterno e solidário? Desgraçadamente – muito pela tarefa de redução de quadros que me coube efectuar, é certo – vivi sempre afastado das pessoas e praticamente mal as conheci.
E já que estou em modo de mea culpa, admito que cometi outro erro: o de não fomentar, ou sequer permitir, que os filhos dos jornalistas desfrutassem do espaço de trabalho dos pais, uma acção pedagógica que hoje me parece óbvia. Eu sei que é tarde, mas tranquiliza-me reconhecer que podia, nessa área social onde se reforçam as equipas, ter feito melhor.
Parece que foi ontem, Sábado, 14ABR16