Penso que há alguns equívocos em relação à apreciação que se faz das equipas do Mourinho.
O seu futebol não é monótono, pelo contrário. O Inter fez um jogo espectacular contra o Chelsea, em Londres, e outro contra o Barcelona, em Milão.
Eu diria que a filosofia Mourinho passa, antes de qualquer coisa, pelo trabalho de campo que obriga os seus jogadores a compreenderem os diversos momentos do jogo. Acresce ainda que o Mourinho conhece bem os recursos que tem à sua disposição. Luta com as armas que tem, e de que não fazem parte a “alta rotação” que têm, por exemplo, as equipas inglesas.
O “seu” Inter não pode jogar de peito feito com o Barça, porque não tem o mesmo talento. Não pode deixar-se envolver no turbilhão de jogo de um Chelsea ou de um Bayern, porque não tem jogadores com a mesma velocidade. Tem outras coisas, como a experiência, a qualidade táctica e a inteligência dos seus jogadores.
Para quem se lembra do Porto, campeão europeu, essa equipa não era tão cínica quanto será o Inter. Gostava de ter bola e de ter controlo sobre o jogo, mantendo o esférico na sua posse.
O que o Bayern (e o Barcelona) tiveram de sobra, foi o mesmo que o Porto teve contra o Milan, na Supertaça Europeia. Nesse jogo, o José Mourinho encontrou-se com o cinismo do resultado. Teve a sua primeira grande lição “à italiana” e perdeu.
Ao contrário do que o Alexandre refere, tive sempre a sensação de que o Van Gaal, não só, respeitou o Mourinho, como revelou sempre grande estima pelo seu discípulo. Até na derrota referiu o direito que o JM teve de ganhar da forma que escolheu, mesmo que o holandês entenda que essa é a forma menos difícil de ganhar. É tudo uma questão de filosofia, quer se goste ou não.