O antigo internacional irlandês Roy Keane, que disputou 323 jogos com a camisola do Manchester United e é uma lenda do clube, disse à Sky Sports aquilo que muitos adeptos dos ‘red devils’ já debatiam nas redes sociais: “Sabemos que Cristiano Ronaldo é uma máquina e que raramente se lesiona. Mas de vez em quando Rangnick diz que ele tem algo no [músculo] flexor da anca. Não faz sentido”.
Na verdade, foi a segunda vez que o treinador ‘explicou’ a ausência do português de uma convocatória com o eventual problema na anca, sem que o jogador, através das suas contas na internet, adiantasse o que quer que fosse sobre o afastamento. É estranho e de facto não faz sentido.
Não me parece que Cristiano alinhasse numa mentira e ainda creio menos naquilo que ontem também circulava: que o medíocre técnico alemão teria avisado CR7 que não seria titular no dérbi de Manchester, o que o levou a recusar ir para estágio. Certo é que o silêncio do avançado ‘alimenta’ esse tipo de especulações.
Havia igualmente a tese preferida pelos detratores de Cristiano, a de que Rangnick queria provar que a não inclusão do português permitiria a adoção de um sistema de jogo diferente. Um desses ‘inimigos’, Gary Neville, afirmou mesmo que a ausência de Ronaldo do onze não constituía nenhuma perda. E se essa teoria correspondia de facto à ideia de um ‘novo começo’ para o treinador interino, pode dizer-se que resultou em cheio: o City não só goleou o rival da cidade, como o esmagou em termos de posse de bola e de criação de oportunidades. O United jogou pior do que nunca e Cristiano deve sentir-se grato por ter sido preterido – se foi o que aconteceu. Agora, já ninguém o acusará de ser o responsável pelo facto de estes ‘devils’ serem uns anjinhos.
Como sou pouco dado a conspirações, acredito mais na probabilidade de se tratar de um simples ato de gestão e de noção da realidade. Afinal, a partida do Ethiad dificilmente poderia ser vencida e o embate de dia 15, contra o Atlético de Madrid, em Old Trafford, para a Champions, é que deve ser o objetivo que o United não pode falhar. E Cristiano Ronaldo ainda menos. Daí que se aceite a desculpa da ‘proteção da anca’ ou de qualquer outra debilidade física do nosso craque, até porque, a 24, precisamos dele no Dragão para ganhar à Turquia. Oremos.
Frederico Varandas ganhou com maioria esmagadora. Mereceu, o bom senso assentou em Alvalade. Se for de vez, então, será magnífico.
Último parágrafo para a tragédia do estádio La Corregidora de Querétaro, no México, onde uma batalha campal entre adeptos do Querétaro e do Atlas, da Liga MX, terminou com quase duas dezenas de mortos e inúmeros feridos. Um aviso para todos aqueles que em Portugal não se opõem com a firmeza exigível à violência no futebol. A começar pelos dirigentes-funcionários, que defendem os seus ‘tachos’, e a acabar nos papás-energúmenos, que vão ver os jogos dos meninos e se põem à pancada uns com os outros – um belo exemplo de selvajaria!
Antena paranoica, Record, 7mar22