Quando trabalhei, no tempo dos pioneiros, na imprensa cor de rosa, deparei-me com um problema incontornável: não tínhamos “jet set”, apenas pessoas mais ou menos conhecidas através da televisão. E até essas eram poucas, o que nos obrigava a percorrer a via sacra das sempre as mesmas.
De há uns bons anos a esta parte que as estações de TV, para iludirem a questão, formam o seu próprio lóbi de famosos da treta com nomes da casa: atores de novelas, jornalistas saídos da casca, um ou outro comentador e alguns retirados da memória coletiva, que se juntam a supostos “DJ” ou “empresários”, garimpeiros do nada em busca de novo “show” de 250 euros à semana.
É esta velha sociedade recreativa que os canais tentam transformar em audiências, correndo o risco do efeito contrário. Foi o que aconteceu à SIC, na noite de domingo, com o “Amigos improváveis – famosos”, uma coisa desenxabida que meteu cromos e gente esquecida, e que ajudou o “Dança com as estrelas”, da TVI – inicialmente “atropelado” pelos 1,6 milhões de telespectadores do último momento de génio de Ricardo Araújo Pereira – a ganhar o serão e quase o dia.
A maldição de Herman José resiste: “Para lá de Badajoz, ninguém nos conhece”. Pobre fama!
Antena paranoica, Correio da Manhã, 7mar20
Pobres famosos, coitada da fama!
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