Tive o gosto de ver, ontem, no Dragão, o reencontro de dois excelentes treinadores que a luz da realidade fez regressar à ribalta do futebol português: José Peseiro e Nelo Vingada.
Peseiro, de 55 anos e com 24 de carreira, estava proscrito desde que teve não o verdadeiro mérito de levar o Sporting à final da Taça UEFA, em 2005, mas o suposto demérito de a perder. E depois de um episódico e não bem sucedido regresso a casa, para treinar o Sp. Braga, José Peseiro parecia condenado ao exílio até ao final dos tempos.
Vingada, de 62 anos e já com 35 de percurso profissional, percorreu o Mundo – de Marrocos ao Irão, da Jordânia à Coreia e à China, com um interregno de quatro meses em Guimarães, em 2009 – desde que há quase uma década terminou o seu contrato com a Académica. Como se o saber, a experiência e os resultados fossem coisa pouca para um mercado nacional que se virou, por vezes de forma bacoca, para técnicos classificados de “inovadores”, apresentados como sucos de barbatana da ciência da bola e donos do futuro, na vã descoberta de mais Mourinhos – como se o original tivesse cópia.
É bom que o nosso futebol tenha, dentro de portas, treinadores sólidos e ainda jovens, como Rui Vitória ou Sérgio Conceição, Paulo Fonseca, Lito Vidigal ou Jorge Simão. Mas quando chega o aperto e as experiências laboratoriais falham, é a escola de Jorge Jesus, a velha guarda que integra Peseiro e Vingada, Norton de Matos, Vítor Oliveira e outros que é chamada a pôr valor seguro no lugar da pretensão e do aventureirismo.
Canto direto, Record, 25JAN16
Peseiro e Vingada: o regresso da velha guarda
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