A montanha pariu um rato. O portista Miguel Sousa Tavares não utilizou, na entrevista ao presidente do Benfica, o arsenal inquiridor cuja agressividade costuma deixar sem fôlego os políticos da praça.
Do mesmo modo, a portuense Judite de Sousa, sempre incómoda para os que se sentam à sua frente, não se tornou num cabo difícil de dobrar para o presidente do FC Porto, que começou mais nervoso do que aquilo a que nos habituou, mas que veio a terminar a sua prestação com os ombros repletos de passarinhos a cantar.
Tanto Luís Filipe Vieira como Pinto da Costa deixaram os estúdios com motivos para sorrir, já que não só escaparam vivos como ainda se desenvencilharam com relativa facilidade das melhores máquinas perguntadoras do país.
Ambos são, aliás, mestres na não-resposta, pois, ao contrário dos políticos, não têm um eleitorado vasto para cativar. Os seus fiéis bastam-lhes e esses não precisam de ser convencidos. Com o passar dos anos, refinaram mesmo o seu poder intocável – amanhã, até Deus os absolverá.
Passe curto, publicado na edição impressa de Record de 31 março 2010