Alexandre Pais

Paulo Sousa levou 4 e por acaso gostei

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“O ego não é dono da sua própria casa” – Sigmund Freud, neurologista, 1856-1939

FC Basel v FC Zurich - Raiffeisen Super League
O actual treinador do Basileia teve de procurar no exterior o reconhecimento que lhe faltou em Portugal
Quando se abriu a hipótese de vir a dirigir o Record, no final de 2002, a minha preocupação foi ter na equipa um director-adjunto que assumisse as relações com os agentes desportivos, para as quais sinto vocação zero. Tive a sorte de aliciar para o projecto o melhor jornalista nesse trabalho, e não só, o meu amigo António Magalhães. E foi ele quem teve a ideia de convidar para colunista do jornal o ex-futebolista Paulo Sousa, o que parecia uma mais-valia editorial.
Não foi fácil assegurar o seu contributo e os 800 contos mensais do compromisso pareceram peanuts perante as dificuldades colocadas e a complexidade das alíneas contratuais que foi necessário satisfazer. Quando me apresentaram o personagem fiquei, aliás, estarrecido com a pose de grande figura da pátria, enfim, alguém, que não eu, teria de o aturar. E não tardou muito. Ao cabo de poucas semanas de colaboração, Paulo Sousa deixou de escrever porque uma revista de sociedade do grupo ousou publicar uma pequena e inócua reportagem que não agradou à sua análise superior. E não ficaram por aí os problemas, pois mais tarde, por causa de uma imagem sua utilizada na revista 10, do Record, Paulo Sousa manteve com o jornal e com a empresa um longo e inútil processo judicial, de contornos injustos e persecutórios.
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Em 2003, a colaboração de Paulo Sousa com o Record durou poucas semanas
Ainda que rejeite liminarmente qualquer sentimento de ódio, tenho também direito a alguma animosidadezinha de estimação, pelo que confesso que os 4-0 que o FC Porto aplicou há dias no Basileia, treinado por Paulo Sousa, me deixou satisfeito. Afinal, o futebol Armani não é lá grande coisa.
Ele podia ter sido a chave da promoção do 24horas
Se como treinador, o êxito chega atrasado, a carreira futebolística de Paulo Sousa foi extraordinária. E estava no auge, em 1998, quando se lançou o diário 24horas, o que fez com que se tentasse uma campanha promocional com os nossos craques a actuar no estrangeiro. Alguém disse que, do grupo em que pontificavam também Figo e Rui Costa, entre outros, Paulo Sousa seria o líder, o conselheiro que todos seguiam. Sei que o contacto foi feito e que não houve campanha. Batemos, talvez, à porta errada, o que, à luz do que veio a acontecer ao 24, pode ter sido a decisão certa.
Parece que foi ontem, Sábado, 19MAR15

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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