Figuras como Paulinho, o popular roupeiro do Sporting, merecem ser apoiadas e acarinhadas porque nem só de estrelas vive o futebol. A atenção que os jogadores leoninos dedicam ao seu companheiro de trabalho só os dignifica. E o livro de Fernando Correia, lançado há dias, testemunha também a importância de Paulinho, um homem que se tornou símbolo do seu clube.
Coisa diferente é o protagonismo assumido pelo roupeiro durante os jogos, a sua “subida” ao primeiro plano, com exagerados abraços ao treinador e a quem estiver à mão. É mais um caso sui-generis do futebol do Sporting, um comportamento que revela tolerância e grandeza, é certo, mas que é incompatível com a alta competição e com tudo o que se encontra em jogo dentro das quatro linhas.
Depois, claro, com corda nos sapatos e perdendo a noção do verdadeiro lugar, vêm ao de cima os sentimentos menos nobres, as quezílias espúrias, os ódios do passado, as declarações inúteis. Em que grande clube europeu já se viu um roupeiro zangado com um antigo técnico e a lavar roupa suja em público? Só no Sporting, lamentavelmente.
Passe curto, publicado na edição impressa de Record de 23 maio 2012