Caem como patos. Seja por excesso, como Marisa Matias quando chamou “cobarde” e “vigarista” a André Ventura, na SIC, seja por defeito, como Carlos Daniel, que na RTP validou, pelo silêncio, a mentira do líder do Chega de que há ciganos a levantar cheques de dois mil euros por mês.
Colocar Ventura na ribalta com os projetores insistentemente assentes sobre ele pelo que fez, disse ou se julga que pensa é-lhe tão favorável como permitir que lá fique quando se finge revoltado com o caso do idoso que morreu sem ver reconstruída uma casa que, afinal, nunca fora destruída.
Com esta passadeira vermelha, também estendida pela generalidade dos comentadores, que descasca no homem para segurar o seu posto no lado certo da História, Ventura tem o segundo lugar garantido nas presidenciais e o terceiro nas legislativas – com um resultado tanto melhor quanto António Costa se aguente sem eleições antecipadas. É que os adversários e a comunicação social prometem continuar a campanha de promoção gratuita, alimentando o monstro com o medo que o mantém vivo.
Desta vez, ainda temos Marcelo, mas lá mais para a frente ou Passos Coelho faz a rodagem do carro e aglutina de novo a direita ou o próximo ciclo político vai ser de fugir – e não há para onde.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 9jan21