Alexandre Pais

Os reformados usurários são só 14 por cento

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A ministra das Finanças, que a quatro meses das eleições ganhava mais em estar calada, sofre do síndrome da incontinência verbal que distingue o seu colega dos Negócios Estrangeiros. Mas será só “incompetente a falar”, como a define Marcelo Rebelo de Sousa, ou não consegue, sim, esconder a sua aversão aos reformados?
Nos últimos tempos, não passa uma semana sem que a senhora recorde o seu desígnio obsessivo de continuar a cortar as pensões e desonrar os compromissos que o próprio Estado impôs .
Não se cansa a ministra de sublinhar que 86% dos pensionistas não foram atingidos pelos cortes anteriores, o que significa que a sua ideia só pode ser a de ir buscar os 600 milhões de euros, que diz serem gastos em excesso, aos restantes 14 por cento, esses usurários assim condenados ao roubo eterno.
Sabendo que o Tribunal Constitucional, e bem, não deixou baixar apenas as pensões do Estado, calculadas de forma mais vantajosa do que as do regime geral, e prevendo que também não seriam aprovados cortes diferenciados para as reformas atribuídas antes e depois da revisão do cálculo levada a cabo em 2007 – e que reduziu até metade os proveitos de quem se aposentou a partir de 2008 – Dona Maria Luís propõe-se agora esmifrar a eito os 14% de parasitas que mais descontaram e sustentaram o sistema. Tem um mérito: avisou. Como parte interessada, em Outubro lhe darei a resposta.
Observador, Sábado, 28MAI15

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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