A vitória retumbante sobre o Bayern tirou de vez as dúvidas, a quem ainda teimava em mantê-las, quanto ao acerto da contratação de Julen Lopetegui por parte do FC Porto e à razão que assistia a Pinto da Costa quando, contra a opinião de muita gente, “segurou” o técnico e lhe renovou mandato e confiança.
Quero recordar que mesmo sabendo que a capacidade de Lopetegui não podia estar em causa, duvidei que triunfasse no Dragão. Por um lado porque nunca jogara ou treinara fora de Espanha e era um líder de seleções e não de clubes. Por outro porque cometera – e continuo nesse particular a achar que cometeu – o erro de trazer com ele “espanhóis a mais”, uma estratégia que falhou em todos os emblemas que tentaram fazer acompanhar um novo treinador de uma corte de compatriotas. Exemplos não faltam, do Barcelona ao Benfica, do Real Madrid ao Chelsea – e é ver quantos jogadores portugueses tem hoje José Mourinho no seu plantel. Por que será?
Lopetegui até nisso exibiu qualidade. “Encostou” sem complexos rapazes que falavam a sua língua, dispensou patentes na altura de escolher, motivou os “inadaptados” – o caso de Quaresma é outro milagre das rosas –, apostou em medianos ambiciosos e sentou estrelas acomodadas – Martins Indi que o diga. E teve ainda o mérito do positivismo no discurso na hora difícil em que desmontou a tenda para erguer outra, mal a “ciência certa”, que não existe no futebol, se mostrou desajustada e reclamou autocrítica, mudança e nervos de aço.
Partir quase do zero para a vitória é para quem é capaz. E pode até o FC Porto não regressar apurado do Allianz Arena – cruzes, canhoto! – que o trabalho está feito. Lopetegui conseguiu, ponto.
Canto direto, Record, 20ABR15
Os nervos de aço de Lopetegui
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