Encarei a estreia da nova série de “Masterchef Portugal”, na TVI, de pé atrás. A nossa tradicional “meia bola e força” dispõe agora de terreno fértil nos orçamentos apertados que tudo condicionam. Bem, quase tudo. Porque na escolha do júri, onde o risco era maior e o falhanço impossível de disfarçar, a aposta foi certeira. É verdade que o pretensiosismo – com Miguel Rocha Vieira imbatível nesse particular – não é fácil de suportar, mas o perfil cabotino dos jurados faz parte do formato, que sem esses “cromos” não teria o êxito que alcançou.
Aquele jeito metade pai e metade carrasco encontra no desempenho de Manuel Luís Goucha o ponto mais alto. O apresentador recorreu à sua velha costela de ator para largar os tiques “clownescos” que são a graça do “Você na TV!”, apanhou o tom egocêntrico de um “chef” de cozinha – que também é – e ajudou-nos com isso a aceitar a presunção de Rui Paula e Rocha Vieira. Neste caso, as audiências não enganam: 1,44 milhões de espetadores fizeram, na noite de estreia, justiça a um excelente programa de TV.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 15MAR14