Alexandre Pais

Os benfiquistas terão de aguentar

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Depois de 70 e tal minutos de impaciência no embate caseiro contra o Estoril, da deceção Arouca e de hora e meia de sofrimento, de novo na Luz, na partida com o Moreirense – tudo equipas que antes se dizia pertencerem a “outro campeonato” – ter-se-ão já convencido os benfiquistas que se lhes apresenta pela frente uma época sem descanso e em que não lhes faltarão motivos para angústia? Se não se convenceram ainda, garanto-lhes que é tempo.
O problema é simples: se fosse possível ganhar títulos promovendo apenas a malta mais nova, o planeta do futebol giraria em torno de outro sol. É bonito ver Rui Vitória apostar nos 21 anos de Nélson Semedo, nos 19 de Victor Andrade ou nos 18 (!) de Gonçalo Guedes, mas a verdade é que para ganhar ao último classificado foi necessária a experiência, e também o talento, de “jogadores feitos”, como Jiménez, Samaris e Jonas, de 24, 26 e 31 anos, respetivamente, mais os 27 de Gaitan, pois sem as suas assistências – para o golo que “abriu a lata” e para o da vitória, na fase do desespero – o Benfica teria somado a segunda derrota consecutiva.
Rui Vitória aceitou gerir uma “pesada herança” e apostar nos jovens, sem dispor da capacidade de fazer milagres. E como a realidade não vive de ilusões, houve que descer à Terra. Vieram Mitroglou e Jiménez, mas falta, pelo menos, quem faça de Salvio para jogar nas alas. A mudança de treinador e a saída de peças-chave tem um custo que vai ser preciso pagar com tolerância, intranquilidade, pressão acrescida e algumas desilusões. Vêm aí mais dias difíceis, os adeptos terão de aguentar.
Canto direto, 31AGO15

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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