Não fosse a cruzada sem tréguas de Bruno Carvalho a favor da verdade desportiva resultante das boas arbitragens e Jorge Sousa, vendo os pés do defesa bracarense fora da área, não teria apontado a grande penalidade que originou o primeiro golo do Sporting e o início da reviravolta. O árbitro assistente, da perspetiva de que dispunha, não pode ter visto se a mão de André Pinto estava ou não dentro da área, nem as várias repetições da TV nos permitiram saber, sem margem para dúvidas, se existiu falta para penálti. Mas lá está, houve quem visse claramente o lance: o apitador de olhar tridimensional.
O que é certo é que se o Sporting foi ontem justo vencedor, tantas foram as oportunidades de golo perdidas, não é menos certo que com mais sorte – ou um pouco mais de experiência de Rafa, na cara de Rui Patrício – o Sp. Braga não teria saído derrotado de Alvalade. E merecia-o também, já que depois da vitória sobre os leões na Pedreira, para a Taça, voltou a jogar taco a taco com a melhor equipa portuguesa da atualidade, apesar de ter um plantel que fica aquém do quadro leonino. Para mim, da turma arsenalista só o já citado Rafa – que extraordinária exibição! – entraria de caras no onze sportinguista, o que é revelador do nível do trabalho de Paulo Fonseca. Ao contrário do que se poderia pensar, o fracasso no Dragão fez bem ao treinador, amadureceu-o. E vamos ainda ouvir falar muito dele.
Porque, na verdade, o que Fonseca não tem é quem faça centros teleguiados como Ruiz e remate de cabeça como Slimani, os dois artistas que criaram o golo da vitória do Sporting. Assim, o que é difícil custa sempre menos.
Canto direto, Record, 11JAN16
O que Jorge Sousa conseguiu ver e o que Paulo Fonseca não tem
O