Na SIC e na TVI devem pensar que descobriram a pólvora com a decisão concertada de silenciarem os comentadores que são adeptos dos clubes. Trata-se apenas de uma abertura de vagas, pois o contributo para combater a propalada “toxicidade” no futebol é quase nulo.
Por um lado, está nas instituições e nos seus principais responsáveis a origem do mal. E essa não é atacável por uma comunicação social veneradora e agradecida – alguma, não toda. Ainda vimos, na final da Taça, em Coimbra, que é de dentro do campo para fora que começam os maus exemplos e se fomenta a indisciplina e a violência. Mais “tóxico” não há!
Por outro, a limpeza draconiana dos estúdios só afetará os rostos cansados que a exposição de anos triturou e fez cair em desgraça. E que vão ser substituídos por quem? Por gente escolhida por outro critério que não seja o habitual – o dos lóbis corporativos? Nem pensar. A par dos especialistas sérios e desapaixonados que sobreviverem à purga, quem provavelmente aí virá serão uns amigos a precisar de liquidez, “bons rapazes” travestidos de jornalistas. Como alguns que se exibem hoje com um selo de isenção falso na testa, que citam muitas fontes e dão “novidades” à Marques Mendes, mas cuja narrativa não é mais do que uma maneira espertalhona de vender o velho produto.
Com Serrão e Guerra, Baldaia e Mendonça ou Rodolfo e Fernandes sabíamos ao que vinham. O que não sucederá com os novos “catedráticos” que tentarão convencer-nos da sua independência enquanto – alguns, não todos – trocam mensagens com os lacaios de quem manda, procurando saber da plena satisfação do cliente.
Felizmente, a medida pseudomoralista das generalistas é boa para a CMTV, cujos debates “emocionais” são na verdade genuínos, com protagonistas – adeptos de clubes ou não – que, rezam as audiências, se “desintoxicam” falando de futebol sem medo de ter a quem prestar contas.
E já que me referi aos maus exemplos de Coimbra, sublinho um bom: o do “staff” portista “transformado” em Super Dragões para apoiar entusiasticamente a sua equipa. Até insultos a Artur Soares Dias se ouviram! O Mundo pertence, de facto, às cabecinhas pensadoras.
Nos últimos oito jogos, a Juventus ganhou dois, perdeu quatro e sofreu… 17 golos! Chega à Champions numa forma horrível e não será de espantar que, na sexta-feira, Anthony Lopes siga para os “quartos” e Cristiano regresse ao iate, mande içar a âncora e continue de férias.
Parágrafo final para um tal Domènec Torrent, adjunto de Guardiola por uma década e que o Flamengo escolheu para suceder a Jorge Jesus, com um contrato até dezembro de 2021. As recomendações de jogadores que trabalharam com o homem não podiam ser melhores, pelo que será uma pena que venha a confirmar-se a minha previsão: não chegará o fim deste ano sem que Domènec esteja de volta à sua casinha na Catalunha.
Outra vez segunda-feira, Record, 3ago20
O que interessa é a satisfação plena do cliente
O