Se disser a alguém que vai morrer, sem adiantar quando (sei lá eu!), tenho 100 por cento de hipóteses de acertar. Ideia estúpida, esta? Sem dúvida, mas igualmente tão burra, oportunista e espertalhona como as críticas absurdas que, durante quatro anos, certos abencerragens da aldeia futebolística fizeram a Paulo Bento, até “acertarem” na sua saída. Críticas envergonhadas e cínicas sempre que levou a água ao moinho – como no Europeu de 2012, em que a Seleção alcançou o 3.º lugar – desabridas e despudoradas quando as coisas correram mal.
Aconteceu com Scolari, aconteceu com Queiroz, acontecerá com o próximo “desgraçado” que ousar desempenhar o cargo de selecionador – e que, obviamente, não poderá abdicar dos seus princípios para seguir as indicações dos sábios da tribo, alguns deles licenciados na escola da inveja, da frustração e da vaidade sem limites. Bater em homens caídos é a especialidade que distingue essa gente sem escrúpulos.
Afastado finalmente o último mártir, estamos em plena época de caça ao nome do selecionador que se segue, o tal a quem caberá a magna tarefa da renovação da equipa nacional, ainda que ninguém tenha a coragem de indicar o sentido dessa renovação e com que jogadores a faremos, sem ser deixar Antunes em Málaga e chamar Eliseu, tirar João Pereira e recuperar o enorme lateral em que se transformou Bosingwa, manter Éder em Braga e convocar Edinho, ou recorrer a veteranos seguros como Tiago ou Ricardo Carvalho – mas então tratar-se-á de tudo menos de renovação.
Se fosse eu a escolher, apostaria na sabedoria de Jesualdo Ferreira ou optaria pela inteligência de um Rui Costa ou de um Vítor Baía. Mas como até já se fala de Mancini, a hora é de tremer e de rezar.
Canto direto, Record, 15SET14
O próximo mártir
O