Por sorte, não sou um grande cliente de farmácias, mas gosto de manter alguma fidelidade para poder resolver aqueles pequenos males que não necessitam de médico. E quando temos uma farmácia perto de casa devemos – e eu fazia isso – contribuir para o seu sucesso comercial e beneficiar também da comodidade de não ter de pegar no carro para ir comprar um melhoral qualquer.
Há pouco tempo, debati-me com uma realidade complicada: tinha a minha filha mais nova com febre e fiz uma consulta telefónica ao pediatra. A seguir, fui à farmácia habitual adquirir os medicamentos, mas um deles precisava de prescrição. Apesar de chamar o médico ao telefone à frente da pessoa que me atendia, e que me conhece há anos, ela não me vendeu o remédio. Que eram exigências da lei, pelo que tive de ir a outro lado, onde acreditaram em mim, para solucionar o problema.
Dias depois, na mesma farmácia, a minha mulher – que é menos radical do que eu, que não volto a pôr lá os pés – viu uma jornalista de terceira linha de um canal de televisão pedir um antibiótico, sem receita, à tal empregada que mo recusou. E não é que a rapariguinha, encandeada com a famosa, se desfez em sorrisos e lhe entregou os comprimidos?
Feliz 2017, leitor.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 31DEZ16
O poder da TV (ou o caso do antibiótico sem receita)
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