Alexandre Pais

O pior vem aí também no futebol

O

Paulo Mourão, professor de Economia da Universidade do Minho e autor de um estudo sobre o endividamento no futebol, deu há dias, ao “Negócios” e a RECORD, entrevistas que não deixaram dúvidas quanto ao que aí vem: o colapso. O facilistismo do crédito lançou as sociedades anónimas do futebol em espirais de endividamento das quais será muito difícil sair.

Sem ser professor e percebendo pouco de economia, há muitos anos que venho aqui anunciando o que me parecia óbvio como simples observador do fenómeno desportivo: o desastre financeiro dos clubes portugueses.Entre a impreparação de muitos dirigentes e a absoluta irresponsabilidade de outros se poderia construir o perfil deste louco à solta, especializado em miragens e em fanatismo futebolístico, que por aí tem andado a semear ilusões. O meu clube, o Belenenses, é uma das muitas vítimas dos desequilibrados que o dirigiram e só gente de muita fibra poderia hoje suportar, como suporta, a herança recebida.

Como se não bastasse o leite derramado, novas ameaças se anunciam, com a inevitável extensão ao futebol do clima de pré-hecatombe social em que vive o país. As assistências aos jogos terão de cair drasticamente, como vem decrescendo o número de assinantes de televisão em canal fechado ou como se reduzirão as próprias receitas das transmissões, uma vez que os investimentos em publicidade diminuem quase ao mesmo ritmo a que fecham empresas.

Para os fazedores do espetáculo, os jogadores, irá apertar ainda mais a Segurança Social, com os prejuízos a passarem em muitos casos igualmente para os clubes que assinam contratos em que assumem o pagamento de verbas líquidas e que terão assim de suportar a brutalidade do agravamento de todos os impostos.Perguntará o leitor: então e agora? Ora aí está a pergunta para a qual nem Vítor Gaspar teria capacidade de dar uma resposta.

Como também não sei, recupero uma frase emblemática dos meus tempos de adolescência: agora, bate-chapas e tinta Robbialac. Quer dizer que venha o que vier cá estaremos ou se calhar não.

Canto direto, publicado na edição impressa de Record de 15 setembro 2012

Paulo Mourão, professor de Economia da Universidade do Minho e autor de um estudo sobre o endividamento no futebol, deu há dias, ao “Negócios” e a RECORD, entrevistas que não deixaram dúvidas quanto ao que aí vem: o colapso. O facilistismo do crédito lançou as sociedades anónimas do futebol em espirais de endividamento das quais será muito difícil sair.
Sem ser professor e percebendo pouco de economia, há muitos anos que venho aqui anunciando o que me parecia óbvio como simples observador do fenómeno desportivo: o desastre financeiro dos clubes portugueses.
Entre a impreparação de muitos dirigentes e a absoluta irresponsabilidade de outros se poderia construir o perfil deste louco à solta, especializado em miragens e em fanatismo futebolístico, que por aí tem andado a semear ilusões. O meu clube, o Belenenses, é uma das muitas vítimas dos desequilibrados que o dirigiram e só gente de muita fibra poderia hoje suportar, como suporta, a herança recebida.
Como se não bastasse o leite derramado, novas ameaças se anunciam, com a inevitável extensão ao futebol do clima de pré-hecatombe social em que vive o país. As assistências aos jogos terão de cair drasticamente, como vem decrescendo o número de assinantes de televisão em canal fechado ou como cairão as próprias receitas das transmissões, uma vez que os investimentos em publicidade se reduzem quase ao mesmo ritmo a que fecham empresas.
Para os fazedores do espetáculo, os jogadores, irá apertar ainda mais a Segurança Social, com os prejuízos a passarem em muitos casos igualmente para os clubes que assinam contratos em que assumem o pagamento de verbas líquidas e que terão assim de suportar a brutalidade do agravamento de todos os impostos.
Perguntará o leitor: então e agora? Ora aí está a pergunta para a qual nem Vítor Gaspar teria capacidade de dar uma resposta. Como também não sei, recupero uma frase emblemática dos meus tempos de adolescência: agora, bate-chapas e tinta Robbialac. Quer dizer que venha o que vier cá estaremos ou se calhar não.

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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