Vivemos tempos estranhos em que a obsessão por agitar bandeiras de causas nobres recorre muitas vezes a meios canalhas, que atropelam todos os direitos – a começar pela defesa do bom nome.
Esta semana, Ricardo, concorrente do “Big Brother”, ao ser ‘entrevistado’ por um colega da casa, que fazia de ‘padre’ (?), vestiu a pele de ‘rei’ – tinha sido nomeado ‘líder’ de não sei o quê na turba – e meteu-se, tonto, a falar da ‘rainha’, sua namorada, insinuando, claramente na palhaçada, que poderia já ter tido relações íntimas, mesmo que ela não se tivesse apercebido! Foram 20 segundos de parvoíces, que logo caíram na teia de um tema sério, como acontece num jantar em que amigos, de ambos os sexos, se põem com graçolas – palmas, Flávio Furtado!
Ora, na televisão tudo ganha uma importância maior, até a que não tem, e sobre o ‘rei’ recaiu a ira de virgens ofendidas e idiotas encartados – com a TVI a rebocá-los e a fazer do episódio absurdo um drama nacional, na sonsa tentativa de puxar audiências para um programa falhado. E as vítimas, em nome das mulheres violentadas, passaram a ser o Ricardo e os seus indefesos familiares, chamados a pagar por uma história de mau gosto e estupidez. País de anormais.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 6nov21