Olho para a classificação da Liga, confirmo que estou acordado e tento acreditar: à 10.ª jornada, o Belenenses é quarto, com mais dois pontos que Sp. Braga e Paços, e mais três que o sétimo, o Sporting, candidato ao título. Acima, no terceiro posto, apenas com mais dois pontinhos que os azuis – os novos jornalistas já não nos tratam por “azuis”, são indiferentes à história – está o grande FC Porto, os “azuis-e-brancos”, com o seu plantel de milhões.
Agora, durante duas semanas, desfrutaremos o “milagre” deste momento raro e colocamos a esperança na ronda seguinte, em que o “Belém” recebe, no Restelo, o Arouca. Se vencermos, prosseguiremos o sonho e daremos praticamente como adquirida a permanência na Liga 1. E o que possa vir como bónus será sempre excelente.
Recordo que a época começou mal, com o quadro de jogadores a parecer ter sido constituído um tanto ao acaso e a refletir as limitações financeiras, com o líder da SAD a dizer uma coisa e o treinador, desconfortável com o plantel, a dizer outra, nomeadamente que lhe faltavam opções para esta ou para aquela posição. Mau sinal, tendo em conta o desfecho de casos semelhantes.
A verdade é que presidente da SAD e técnico assumiram as suas responsabilidades e não outras. Rui Pedro Soares dirigiu a casa com o rigor sem o qual não existe gestão de sucesso, e Lito Vidigal fez também aquilo que melhor sabe: treinar, motivar os jogadores, formar o onze, escolher a tática, ler o jogo. E, qualidade nada desprezível, manter a cabeça fria nas situações difíceis.
Acima de tudo, aprecio que a proeza azul confirme uma das maiores lições do futebol: não são as individualidades que ganham os desafios, mas sim a entrega, o esforço, a união, o trabalho coletivo.
Há até quem o defina num único nome: equipa.
Canto direto, Record, 10NOV14
O milagre de Belém
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