“No mundo actual, investe-se cinco vezes mais em remédios para a virilidade masculina e silicone para mulheres do que na cura do Mal de Alzheimer” – Drauzio Varella, médico oncologista brasileiro
Na cama 29, quarto 313, piso 3 da Casa de Saúde Idanha, das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus, sobe ao calvário a Vera, vítima da tenebrosa doença degenerativa do cérebro identificada pelo médico alemão Alois Alzheimer, em 1907, e que afecta hoje, em todo o Mundo, entre 15 a 50 milhões de pessoas.
A Vera é a mulher, há mais de quatro décadas, de Fernando Correia, conhecido jornalista e comentador de rádio e televisão, nome de referência da informação em Portugal e que continua no activo, em cima dos 80 anos, com a qualidade que fez dele – retirados Alfredo Quádrio Raposo, Artur Agostinho e Amadeu José de Freitas – indiscutivelmente o melhor na arte de relatar futebol.
Trabalhei com o Fernando, na rádio, nas décadas de 60 e 70, estava ele no apogeu, com uma popularidade só comparável à que desfrutam agora alguns, e poucos, profissionais da TV. Após o 25 de Abril, fizemos opções políticas diversas e afastámo-nos, apesar de eu continuar a frequentar o D. Pedro V, depois de ele e a Vera o terem transformado num local de culto da capital: o João Sebastião Bar.
Há dias, recebi e li de um fôlego um dos primeiros exemplares de Piso 3 Quarto 313, o livro que o Fernando escreveu e acaba de lançar, tentando ajudar as famílias que, como a sua, têm de enfrentar o Mal de Alzheimer sem saberem o que fazer – e ninguém sabe. É um relato nascido da dor, denso, pungente, amargo mas também positivo, que nos inquieta. Um comovido abraço, Fernando.
O mais duro relato de Fernando Correia
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