Sei que devo conter-me. Não por temor do que seja, mas porque já tenho idade para não dizer o que me vem à cabeça, como os maluquinhos. Chamar bandidos a uns pobres ‘exaltados’, por exemplo, em nada contribui para o que importa: que deixem de se comportar como bandidos. E é essa necessidade de contenção que me impede de classificar o nível cívico dos apontados intérpretes das cenas macacas que terão ocorrido a 11 de fevereiro, na garagem do Estádio do Dragão, visando a comitiva do Sporting. O apuramento dos supostos factos, supostamente em curso, originará supostos castigos que serão supostamente suspensos e jamais cumpridos.
Basta ver os jogos à porta fechada com que já foram punidos alguns clubes e contar os que na realidade se disputaram debaixo desse condicionamento – ou seja, zero – para nos lembrarmos como a justiça desportiva morre sempre nos braços de um qualquer tribunal arbitral, que contraria factos e a todos os espertalhões protege. No futebol português nada se confirma e tudo se transforma em total impunidade.
É por se regerem por esse princípio e saberem até onde podem ir – que é quase ao infinito – que tantos responsáveis dos clubes se dão ao luxo de insistirem nas mesmas figuras tristes, nos mesmos comportamentos arruaceiros e nos mesmíssimos maus exemplos para quem os contempla com ingénua veneração. O maior drama é que continuarão assim, no país onde o crime compensa apesar de se jurar que não.
Nem de propósito, o pioneiro Sá Pinto interpretou mais um dos seus ‘números’ excessivos e desnecessários. Se o tivesse feito, por irritação, quando perdeu com o Boavista aos 89 minutos um jogo que tinha logrado empatar aos 88, compreendia-se. Agora, depois de ter assegurado a presença no ‘playoff’ não ter tido a grandeza de evitar atitudes tão lamentáveis é que já é menos entendível. Espero que uma vez arrefecida a cabeça ele tenha, ao menos, a nobreza de enviar uma mensagem de agradecimento a Yusupha, que com aquele golo ‘milagroso’ aos 86 minutos, em Tondela, se tornou no verdadeiro ‘responsável’ pelo facto de o Moreirense se manter ligado à máquina.
Duas flores no deserto: a emocionante despedida de Pablo Sarabia do Sporting e a fantástica etapa, mais uma, de João Almeida no Giro.
Passaram três meses sobre o desabafo de Massimiliano Allegri, técnico da Juventus, que visava Cristiano Ronaldo: “Acho que os objetivos pessoais foram postos de lado e estão todos focados na equipa. Estamos juntos nos últimos seis meses e já nos conhecemos melhor. Sentimo-nos mais como equipa”. Acertou na ‘mouche’: já tinha perdido a Supertaça para o Inter, acabou de ver ‘voar’ também a Taça de Itália para os ‘nerazzurri’ e vai terminar a Serie A na quarta posição. Desde que saiu de Madrid, CR7 não voltou a ter um treinador de jeito.
Se o Belenenses, o verdadeiro e único, ganhar os dois últimos jogos da sua série, subiremos à Liga 3. Está quase, mas falta o quase.
Parágrafo final para Roger Federer e Ronnie O’Sullivan, que perderam uma admiradora fiel e centenária. Adeus, Mãe, obrigado e até um dia.
Outra vez segunda-feira, Record, 16mai22