Com exceção da RTP – que tem lá as suas tralhas alinhadas ainda que o Mundo desabe – os canais puseram de parte as grelhas para acompanharem ao segundo a dor do país perante a tragédia de Pedrógão Grande.
O combate heróico dos bombeiros e o esforço de tantos outros agentes para enfrentar o fogo e proteger as pessoas, obrigaram também os jornalistas a um trabalho repleto de dificuldades. E ficaram claras as diferenças entre as vedetas de trazer por casa e os carregadores de piano da informação.
De um lado, os bem pagos profissionais mediáticos, que subiram ao palco a fingir meter a mão na massa, quem sabe se para escreverem amanhã mais um livrinho oportunista. Foram incursões rápidas, para acionista ver, sem qualquer mais valia de reportagem e algumas de uma ligeireza atroz.
Do lado oposto – porque só aparentemente é o mesmo – os descamisados do costume, os repórteres todo-o-terreno com horários de até-ser-preciso, sujos de fumo, suados e despenteados, sem dinheiro para guarda-roupa ou ir ao dentista. Disseram muitos disparates, inevitáveis face às circunstâncias, mas sofreram e aguentaram horrores para nos contar tudo – até aquilo que havia a esperança de que não tivesse acontecido. Orgulho por eles!
Antena paranoica, Correio da Manhã, 24JUN17
O fogo na TV: dos bem pagos aos todo-o-terreno
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