Acompanho a “Circulatura do Quadrado”, da TVI24, desde os tempos do pioneiro “Flashback”, da TSF, já lá vão mais de 30 anos. Esta semana, iniciei um “processo de divórcio” após ver a forma como Ana Catarina Mendes – confrontada com o comportamento de Eduardo Cabrita no caso do ucraniano assassinado por carrascos do SEF – andou para a frente e para trás, tentando atenuar a gravidade da inação de um ministro que tem o sobranceiro hábito de “falar grosso”, como bem lembrou António Lobo Xavier.
Secretária-geral adjunta do PS, Ana Catarina não poderia, em boa verdade, atacar um elemento do núcleo duro de António Costa, a que ela própria pertence. E teria de “ser” um Jorge Coelho – e de ter a sua capacidade de nunca defender o indefensável – para analisar com distanciamento um crime que nos horroriza e envergonha.
A posição equívoca de Ana Catarina Mendes num debate de livres pensadores, se é entendível à luz do seu comprometimento partidário, atraiçoa uma inteligência superior e uma credibilidade construída de coragem e frontalidade. E transforma a sua escolha para integrar um quarteto já histórico da TV portuguesa num erro de “casting” que prejudica o programa e afasta espectadores. Uma lástima.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 12dez20