Mais do que os insucessos que vem acumulando, que resultam em grande parte da sua falta de perfil para o cargo de diretora de entretenimento, o que mais espanta em Cristina Ferreira é o seu discurso errante, tanto nas entrevistas como nos remoques aos “haters” das redes sociais – sempre eufóricos com a atenção que a nata dedica ao esgoto.
Frases como “perder para mim tem zero importância” ou “se não quisesse perder ficava na SIC” – que utilizou, cheia de si, na conversa com Filomena Cautela, na RTP1 – fazem mal à reputação de Cristina junto de quem lhe paga. Pior até do que alguns dos programas que criou na TVI, incluindo o seu, quando registam audiências pouco superiores à metade das obtidas pela concorrência.
Cristina Ferreira pode achar-se o máximo, pode deslumbrar-se com os sorrisos do acionista, os cruzeiros, as almoçaradas, as férias e os salamaleques dos que temem ficar sem trabalho, mas não deve iludir-se quanto ao que de facto valerá na altura em que Mário Ferreira tiver a certeza que ela não é capaz de criar valor. Nesse dia, passará de mais valia milagreira a funcionária descartável. Para todos os que a admiramos, pela coragem e determinação com que caminhou pela selva, não será um dia feliz.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 19jun21