Alexandre Pais

O Benfica fez serviços mínimos porque o que vem aí não vai ser fácil

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O Benfica atuou na Turquia com a displicência com que o Real Madrid tem encarado esta pré-época trotamundos a que o dinheirinho o obrigou. Ao contrário dos merengues, que têm efetuado simples sessões de treino, os encarnados disputavam a sua continuidade na Liga dos Campeões. Mas o golo de Nolito, logo aos 19 minutos, deixou que o Benfica tirasse cedo o pé do acelerador, até porque a qualidade deste Trabzonspor – que por 1 ponto não foi campeão da Turquia… – evidenciada já na partida da primeira mão e ontem confirmada, não permitiria que a turma portuguesa sofresse os três ou quatro golos que poderiam comprometer a qualificação.

Se a contenção benfiquista se entende, face à dureza dos desafios que se colocam  à equipa, como espetador tive pena que não materializasse em golos o seu esmagador ascendente da segunda parte. E que desperdiçasse, não finalizando com êxito, múltiplas situações em que os jogadores da Luz trocaram a bola como quiseram, em frente da baliza de Tolga, só faltando metê-la lá dentro.

O Benfica vai para o playoff, mas não ganhou, no marcador, o jogo que ganhou em superioridade técnica e física. Então a nível defensivo, a entrada de Garay e o regresso de Maxi permitiram apreciar já uma capacidade diferente – na confiança, na coordenação e na rapidez no ataque à bola – restando saber o que acontecerá quando o “girafa” ou o internacional argentino não puderem subir ao relvado. Sei que o golo sofrido ontem não foi bonito, mas também sabemos que Emerson não é Capdevila. E quanto ao guarda-redes, da noite se fez dia. Hoje já não se fica com a sensação de outrora, a do “pode ser que defenda, pode ser que não”, pelo contrário, “vê-se a bola” nas mãos de Artur antes de ele a agarrar.

Cardozo tem um pé esquerdo fabuloso. Mas não dispõe de velocidade para chegar primeiro à bola nos lançamentos longos, não é eficaz a jogar de cabeça, não está 90 minutos ao nível que a equipa precisa. Hugo Almeida trará mais mobilidade, mais capacidade de choque, mais poder no jogo aéreo. O Benfica ficará com outro equilíbrio e ganhará muito em competência.

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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