No final de 1969, ganhava eu cerca de 700 euros, a valores atuais, na rádio, e fazia teatro amador no Clube Estefânia, quando respondi a um anúncio para encenador nas CRGE, Companhias Reunidas de Gás e Eletricidade, mais tarde EDP.
Juntei uma carta de recomendação de Álvaro Benamor, meu professor no Conservatório Nacional, e fui escolhido. Por esse novo trabalho em part time pagavam-me quatro mil escudos limpos, hoje perto de 1200 euros, um luxo para os meus 23 anos.
Começámos em março do ano seguinte com um texto de Lauro António, Festa de Beneficência, e entre outras pequenas peças, palestras, teatro infantil – todos os anos em dezembro, no Coliseu, uma loucura! – debates mais ou menos políticos entre nós e um projeto falhado, com Becket de Jean Anouilh, foram quatro anos intensos, divertidos e que marcaram decisivamente a minha vida profissional e a opção pelo jornalismo.
Da despedida, em janeiro de 1974, guardo uma placa com o meu nome e a frase “pelo que realizou”. Daqui saúdo, com emoção, os companheiros vivos e guardo uma terna recordação dos que já partiram.
Parece que foi ontem, Sábado, 23NOV17
Núcleo de Teatro das CRGE: fez-se luz na companhia da eletricidade
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