Em
entrevista ao “Correio da Manhã”, São José Correia desafiou a hidra tentacular
ao tecer fortes críticas à forma como se fazem telenovelas em Portugal,
sublinhando os lóbis que mandam na representação. Não me parece que a escolha
dos actores funcione de forma diferente de outras áreas de actividade, mas
louve-se a coragem da actriz ao colocar o dedo na ferida. Pagará por isso, como
calculará.
Casos claros de arranjinhos não faltam.
Por exemplo, em “Dancin´Days”, da SIC, Margarida Carpinteiro, de 69 anos, faz de
mãe de Custódia Galego, de 53, e a Joana Santos, de 26, cabe o papel de “Júlia”,
mãe de “Mariana”, ou seja, da sua colega Joana Ribeiro, que tem… 20 anos. E
como a “filha” até já teve um bebé, Joana Santos é igualmente
“avó”!
Se Joana Ribeiro foi bem escolhida, aliás
na sequência de um casting muito disputado, quem está a mais na fita é Joana
Santos, demasiado nova para representar a mãe-avó, e seleccionada por tudo menos
por dispor do perfil adequado para o papel.
Nas novelas como no resto, o compadrio
vive na porta ao lado.
Antena paranóica, crónica publicada na edição impressa do Correio da Manhã de 25 agosto 2012