Se há sectores sem capacidade para mudar o que seja de 31 para 1 – ao contrário, por exemplo, das gasolineiras – é a comunicação social. Por haver menos gente a trabalhar ou por falta de assunto, o certo é que os dois ou três primeiros dias do ano são de pasmaceira total, a que sempre se associa o sr. Presidente da República e a sua conhecida inaptidão para nos suscitar emoções.
Das reportagens sobre o severo clima da época, com a incontornável referência a roupas e bebidas quentes e perguntas inteligentes como “não o incomoda o frio?”, até aos acidentes na estrada, passando por reportagens de “frigorífico” com os sem-abrigo, pelo primeiro bebé do ano, as “urgências” a rebentar ou as “previsões” de múltiplos profetas da patetice, de tudo gramámos na TV com o que nos sobrou de paciência natalícia.
Não receemos a monotonia, lá por causa disso. Este 2015 será fértil em agitação, lampejos de felicidade e, cheira-me, carradas de más notícias. Não perdemos pela demora.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 3JAN15
Não faltarão más notícias
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