Sei que a situação financeira do Sporting é difícil mas, como simples observador, detesto ver sair Montero e Nani de Alvalade. O colombiano pela sua postura, de nível bem expresso na mensagem com que se despediu, mais uma vez, dos adeptos leoninos. E Nani… por ser Nani.
Quando se volta a casa, ao cabo de uma carreira recheada de sucessos, e de milhões de euros, é para se desfrutar do afeto e não para quebrar de novo o elo que se refez. Porque o regresso de Nani tinha, para ele e para o clube, uma vantagem profissional – o reforço para o plantel de um jogador de qualidade e o relançamento de uma carreira “encalhada” – e um significado político – a recuperação de uma referência pelo Sporting e o reencontro com a própria história por parte de Nani, que se tornara numa espécie de apátrida do ponto de vista futebolístico. Com esta súbita partida, entrará na sua conta mais um bom punhado de dólares, mas sairá a glória de um papel histórico e acabará de vez a Seleção. E ficarão mais órfãos milhares de sportinguistas que veem diminuir a capacidade de um grupo esfrangalhado e parco em figuras de peso no balneário. Atrás de si, Nani deixa um rasto de tristeza e de desilusão.
Como a vida continua, Keizer e os jogadores que lhe deram lá vão fazendo o seu trabalho. Frente ao Sp. Braga, a equipa reagiu muito bem à noite negra de quinta-feira e, com um desempenho brilhante, afastou os abutres por algum tempo, talvez pouco que a sorte também não ajuda. O Villarreal começou a recuperar de uma época desgraçada – segue em lugar de despromoção na liga espanhola – na pior altura: a seguir ao 1-0 de Alvalade, 3-0 (!) ao Sevilha.
A história de Leonardo Jardim no Mónaco dava um filme. Despedido, substituído por uma das maiores estrelas do futebol e readmitido três meses mais tarde com plenos poderes, o técnico foi há dias alvo de um pedido público de desculpas por parte do presidente Rybolovlev, que entretanto correu com o “vice” Vasilyev, que despedira Jardim. Pelo sim, pelo não, esta tomada de posição do líder deu-se depois de confirmado, com resultados, o acerto da reintegração do português. No sábado, novo triunfo dos monegascos, com um golo de Gelson Martins a passe de Rony Lopes e com Adrien e Fàbregas a dominarem as operações no meio campo. E sete pontos em três jogos colocam já o Mónaco três pontos acima da zona de descida. Jardim escolheu os reforços de inverno a dedo e, como nos habituou, não falha.
Grande campeonato está a fazer o tranquilo Moreirense, a discutir a quinta posição com o poderoso vizinho do lado. O mesmo lugar em que já esteve o Belenenses SAD, hoje a sofrer as inevitáveis consequências de se ter transformado num mero entreposto de jogadores e de disputar todas as partidas fora de casa. Não há milagres.
A imprensa espanhola, que começou por duvidar de Solari, não hesitou em pô-lo nos píncaros mal o Real Madrid acumulou alguns resultados positivos. Mas agora, após a derrota com o Girona, no Bernabéu, que deixou os “blancos” já a nove pontos do Barcelona, voltou a entrar em depressão. Escolhido como principal culpado pelas asneiras de Florentino, que conduziram à situação atual, Marcelo prossegue a caminhada que o levará ao reencontro de Cristiano. Madridista e bianconero, tanto se me dá: ganharei de qualquer modo…
Excelente trabalho de João Alves na Académica. Ontem, mais uma vitória, graças a um golo de Hugo Almeida. É a velha guarda a resistir ao reumático.
No lançamento do livro do ex-presidente do Sporting, no Corte Inglés, ouvimos do representante do editor esta coisa espantosa: “Autorizámos a presença da comunicação social”. Ver o Mundo ao contrário é, na verdade, uma experiência terrível.
O último parágrafo é desta vez ocupado com um esclarecimento. Quando, há uma semana, aqui escrevi que os labregos das redes sociais tinham criado a frase “não sejas Inácio” para atingir Augusto Inácio, deveria ter escrito, antes, que os “haters” tinham aproveitado a frase para desenvolver a sua campanha de ódio. Vai dar ao mesmo, de facto, mas como a expressão tem autor reservo-lhe assim os devidos direitos.
Outra vez segunda-feira, Record, 18fev19
Nani deixou em Alvalade um rasto de desilusão
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