Tenho de colocar um ponto prévio: com honrosas exceções, a baixeza no futebol português – por culpa de todos os seus agentes, sem excluir os jornalistas – atinge hoje níveis preocupantes, mesmo assustadores.
Só por isso já foi bom ver ontem JE Bettencourt dar à RTP uma entrevista morna, por inesperada baixa de forma da entrevistadora, mas sempre marcada por um tom sereno, pedagógico e de enorme dignidade.
Porque os senhores do futebol nunca se enganam e JEB assumiu os seus erros.
Porque todos se desculpam com os árbitros e a comunicação social, e o líder de Alvalade não desceu à peixaria.
Porque nunca estão disponíveis para sair de cena e Bettencourt mostrou, apesar da determinação, total desapego ao lugar.
Porque fazem do arremesso de pedras ao telhado do vizinho a sua maior arma – agora, até há um que parece querer pôr-se aí aos tiros… – e o presidente do Sporting focou-se nos seus problemas e nas dificuldades em vencê-los, a realidade do seu dia-a-dia, “a maior dor de cabeça da minha vida”, como referiu.
Record tem criticado aspetos da atuação do comandante da nau leonina e da sua tripulação, e continuará a fazê-lo, se for caso disso. Mas hoje só podemos aplaudir a demonstração de bom senso, o uso equilibrado do meio televisão, a grande lição cívica de José Eduardo Bettencourt.
De olho na TV, a publicar na edição impressa de Record de 8 outubro 2010