Ainda não recuperei a forma física depois do esgotante Real-Barça da passada quarta-feira. Só de ver, cansei-me, e isto agora para recuperar já não é o que era.
Antes do superclássico, apesar do prognóstico interno de 1-1 – um resultado que, curiosamente, pode ser “cheirado” por quem anda há muitos anos nisto e não me perguntem porquê – temia o pior para os merengues. Com cinco titulares a menos, meia equipa, e quatro deles na defesa, não via como poderia a “posta restante” aguentar os diabos blaugranas.
Mas Mourinho teve uma vez mais o talento e a estrela de anular o claro favoritismo do Barcelona. Talento porque apostou na carta certa, Varane. Tivesse escolhido o rabo pesado de Albiol e outro galo cantaria. Talento porque o Real pressionou durante quase todo o jogo e retirou aos catalães o espaço de que tanto gostam. Estrela porque foram tantas as oportunidades perdidas por Messi e companhia – desta feita, mais Iniesta e companhia – que o Real só não foi cilindrado por verdadeiro milagre. E muito, também, é certo, pela pressão que o Bernabéu exerce sobre os visitantes, por muito poderosos que sejam.
Mas, veja-se a extraordinária beleza do futebol, Mourinho acabou até a queixar-se da sorte. É que, esquecidas já duas ou três oportunidades que o vendaval do Barça apagou – uma delas de Cristiano Ronaldo, que cabeceou para fora uma bola que não costuma perder – uma jogada brilhante de Ozil, pela direita, logo depois de Varane ter conseguido o empate, podia ter levado à vitória, uma vitória injusta como tantas na história do “association”.
A verdade é que os madridistas saíram vivos de um combate desigual, que só matará em Camp Nou. Tudo porque Mourinho joga sempre com talento e estrela, o ás e a manilha de trunfo – uma graça que Deus não concede a todos.
Canto direto, publicado na edição impressa de Record de 2 fevereiro 2013