Alexandre Pais

Moral da história: o Barça não ganha sempre

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Em declarações no final da partida, Emilio Butragueño, nome mítico do madridismo, reduziu a contenda de ontem em Camp Nou a dois lances: a bomba de Özil à trave, aos 25 minutos, e o remate de Dani Alves, que fez o 2-0, sobre o intervalo. Entre a bola que não entrou, e aquela que beijou a rede junto ao ângulo superior direito da baliza de Casillas, decidiu-se a sorte do jogo e da eliminatória. É assim o futebol.

Mas o Real Madrid pode queixar-se muito mais da falta de fortuna, pois bastaria que Higuaín tivesse concretizado uma das três oportunidades flagrantes de golo de que dispôs, na primeira parte, para ter seguido em fente na Taça do Rei. Ou que o árbitro tivesse visto duas faltas para penálti contra a equipa da casa, como viu, e bem, que Sérgio Ramos puxou o braço de Dani Alves – e lhe invalidou o golo. Para não irmos à injusta expulsão do mesmo Sérgio Ramos, certamente por acaso o oitavo jogador dos merengues no grupo dos nove expulsos nos últimos clássicos. Não vale a pena irmos por aí, o futebol não é um desporto de justiça, mas um jogo em que o imponderável, reinando, proporciona um conjunto de oportunidades que ora se aproveitam, ora se desperdiçam. O Barcelona, em duas mãos, soube passar às meias-finais e é isso que a história registará.

Bom para o Real foi o resultado. Um empate conseguido no terreno da melhor equipa do Mundo, “remontando” após o 2-0 ao intervalo. No segundo tempo, a turma de Mourinho dominou e o derradeiro quarto de hora foi de sufoco para o Barça, já que um terceiro golo apuraria diretamente os visitantes. Melhor do que isso foi a confirmação, retirada do desenrolar desafio, de que o Barcelona não só não é invencível como pode ser derrotado por esta equipa “blanca”.

O bloqueio mental que desaparece dos jogadores, a recuperação de Pepe – que muito se complicaria se não tivesse atuado ontem – e a experiência, para as duas provas “a doer” que restam, de como se pode não perder com o Barça, é o inestimável pecúlio que o Real reúne no regresso ao Bernabéu.

E, claro, os 43 golos que Cristiano Ronaldo já leva esta época, três ao Barça, mais três do que Messi. Prova de vida, cuidado.

Minuto 0, publicado na edição impressa de Record de 26 janeiro 2012

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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