Durante quase três anos, a política de recuperação de rendimentos de António Costa fez a vida negra à oposição. Mas as greves sucessivas de 2018 adubaram o terreno antes infértil da alternativa democrática, sem que Rui Rio crescesse nas sondagens ou que elas expressassem os desacertos do Governo. E foi preciso a comunicação social reforçar a sua missão de contrapoder – tarefa em que a CMTV têm estado praticamente só – para que se atacasse com maior intensidade a consequência perversa da propaganda: a dificuldade dos cidadãos em distinguirem a verdade da mentira.
Surgiram assim, de seguida, “A procuradora”, na SIC, e “Deus e o diabo”, na TVI. No primeiro caso, mantém-se o acinte de Manuela Moura Guedes nos acertos de contas, e no do marido notam-se ainda bloqueios na definição do conceito, que vão, por exemplo, de lacunas técnicas persistentes à movimentação errante de José Eduardo Moniz, passando pelo papel decorativo de David Dinis, ali metido a martelo sem nada acrescentar. Para já, o programa cumpre a função de denúncia dos enganadores, restando saber até que ponto conseguirá Moniz moldar o seu estilo datado: afinal, ficou muito tempo longe das câmaras e ritmo e imagem são hoje outra coisa.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 22DEZ18
Moniz e Dinis
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