Ontem, quando o Nacional fez o segundo golo, recuei ao tempo em que Costinha era diretor-desportivo do Sporting, 2010 se bem me lembro, ano em que surgiu nos jornais uma foto que mostrava o “ministro” protegido por um guarda-chuva empunhado por outro empregado do Sporting – glorioso momento. Desapareceu depressa essa aura de todo-poderoso e os despedimentos seguintes, no Servette e no Paços de Ferreira, bem como os insucessos em Aveiro e em Coimbra, ajudaram a reconstruir a imagem de um técnico que regressou agora a Alvalade com clara vontade de ajustar contas – aos 26 minutos, ganhava por 2-0! Mas Costinha acabou molhado, após um belo banho de bola, e permitiu a continuação da fábula de esperança que Marcel Keizer está a escrever no Sporting. Mesmo com Vildemoinhos, 25 golos é muita fruta.
O Benfica ganhou na Madeira, com resultado magro e exibição descolorida. Cada partida dos encarnados é um tormento para os seus adeptos, pois tudo parece arrancado a ferros. Mas havendo Jonas, a luzinha lá vai tremulando sem se apagar.
De que supercapacidade de influência psicológica disporá Sérgio Conceição para mudar, com um estalar de dedos, a intensidade competitiva dos jogadores? Se não é ao intervalo, como sucedeu nos Açores, é nos últimos minutos, com a pressão do FC Porto a tornar-se praticamente irresistível. O Sérgio é um grande motivador, não restam dúvidas.
Diogo Jota, Montero, Rafa e Nelson Semedo lesionaram-se, Gonçalo Guedes e João Cancelo submeteram-se a intervenções cirúrgicas. Dá ideia que o azar só bate à porta dos bons, tanto coxo por aí a jogar e nem ao menos uma constipaçãozinha!
Pepe rescindiu a meio da época e antes de abandonar a Turquia deixou os salários pagos a tratadores da relva, cozinheiros e outros funcionários do Besiktas, que atravessa grave crise financeira. É uma notícia triplamente feliz: pela grandeza do gesto de Pepe, pela esperança de o vermos de novo a jogar entre nós e pela confirmação de haver clubes geridos por megalómanos ainda mais perigosos que os portugueses.
Cristiano Ronaldo marcou o golo 5 mil da Juventus na Série A, subiu à liderança dos melhores marcadores da liga italiana e deu um incompreensível “encosto” no inconformado guarda-redes adversário, que acabara de bater… por milímetros. Cá temos a história da desgraçada falta de respeito pelos vencidos. E vinda de quem já ganhou tudo, pior é.
“O Bernabéu se aburre” era a manchete de ontem da “Marca”, que na capa colocava também uma foto de CR7 e uma frase dirigida a Florentino Pérez: “Cristiano decide o seu primeiro dérbi em Turim”. Entretanto, as assistências do Bernabéu vêm por aí abaixo: 55 mil num estádio onde cabem… mais de 80 mil.
A propósito da calamitosa gestão florentina, pergunto: que raio de patrão permite que um empregado desvalorize os ativos do seu negócio, como o treinador Solari faz com Keylor Navas e Isco? Bem podia o argentino pôr os olhos em Keizer: Bruno César foi o último “desprezado” que o holandês recuperou. Gestão de ativos é a filosofia da coisa.
E o quinto melhor jogador do Mundo lá marcou ontem mais três golos. Moral da história: para sexto, já não cai!
O parágrafo final é dedicado ao Nuno Pinto, com votos de vitória esmagadora no novo combate que irá travar. Mas aqui expresso, igualmente, o sentimento de profundo respeito e de solidariedade pelas famílias dos quatro ocupantes do helicóptero que se despenhou, no sábado, ao serviço do INEM e do país. Curvo-me perante esses heróis.
Outra vez segunda-feira, Record, 17DEZ18
Ministro Costinha falhou o ajuste de contas
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