A necessidade de chocar para ter audiências é uma mancha nebulosa que se iniciou nos “reality shows” e foi alastrando a outras áreas do fenómeno televisivo até atingir a informação, que mistura desgraças de todos os tipos com as notícias propriamente ditas. A realidade é o que é, só o que me aflige é a deturpação dos factos em nome da especulação.
No dia de Natal, a operação da GNR nas estradas saldava-se por menos 330 acidentes do que os registados no ano anterior, um êxito, mas o que se achou editorialmente importante foi haver mais mortos, três, e feridos graves do que no Natal de 2013, uma estatística, aliás, distorcida porque os atropelamentos também entram nas contas. Portanto, a segurança rodoviária melhorou e termos duas vítimas ou dez pouco significa para o caso – sendo que apenas uma já seria demasiado.
Como se não bastasse, há ainda a tolice jornalística, como a do repórter da RTP que apontou “a falta (do uso) de cintos de segurança” como causa (!) dos acidentes. Que 2015 nos traga melhor política e menos asneiras. Bom Ano, leitor.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 27DEZ14
Menos asneiras para 2015
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