Resisti ao primeiro impulso e não integrei o grupo dos que aderiram ao ‘obrigado, Marta Temido’ e que procurou compensar a chuva de comentários negativos. E resisti por entender que tendo embora suportado com estoicismo o peso da liderança do combate a um vírus desconhecido e letal, Temido cumpriu apenas o seu dever. Os maus ministros é que falham no trabalho que aceitaram, sem noção – eles e quem os escolheu – da sua incapacidade.
Mas não deixo, por pensar assim, de lhe dar meio ‘obrigado’ pelo sacrifício das horas roubadas ao descanso, pelo tempo perdido com a família, pela resistência às críticas absurdas e injustas, e pela determinação com que acreditou poder concluir com êxito uma ‘missão impossível’. Marta trabalhou muito enquanto o país dormia.
Missão impossível porquê? Porque quase tudo se resume ao dinheiro. Sindicatos, ordens destes e daqueles, e a parasitagem das ‘baixas’ estão pouco preocupados com reorganizações – o que querem é meter no Estado mais gente e ganhar mais. E a pobre ministra da Saúde, dinheiro não tinha…
Aplauso final para o homem singular que deu sentido à vida de milhões de pessoas que acreditavam na Europa, na liberdade e na democracia: obrigado, Gorbachev!
Antena paranoica (ano 13), Correio da Manhã, 3set22
