Com quase um milhão e 400 mil espectadores – mais 200 mil que “A Máscara”, da SIC, e banalizando o “The Voice”, da RTP1 – “Pesadelo na cozinha” voltou no último domingo aos grandes momentos, dando a vitória no dia à TVI.
Tratou-se, não por acaso, de um dos melhores programas de Ljubomir Stanisic, que por esta altura conseguiu juntar ao estilo excessivo, trauliteiro e tantas vezes gratuitamente ordinário, uma sensibilidade nata, enfim patente, que lhe assenta como uma luva – por ter atravessado as agruras da guerra e por ser um emigrante, forçado a adaptar-se a uma sociedade diferente e preconceituosa, ganhando, apesar disso, o seu lugar ao sol. E por saber, assim, como poucos, o valor do abraço, da palavra amiga, do incentivo que pode mudar a vida e transformar um derrotado num vencedor.
Estamos perante uma pessoa especial e um homem inteligente, um “chef” bósnio – ou “jugoslavo”, como prefere que se diga – que conhece a história, as terras, os hábitos, os produtos e as peculiaridades do povo que o acolheu, dominando ainda a língua ao ponto de recorrer a termos que só hábitos persistentes de leitura permitem utilizar.
Agora, ao dar afeto a desesperados no próprio país, Stanisic conquistou o que lhe faltava no coração dos portugueses. Chapeau!
Antena paranoica, Correio da Manhã, 18jan20