Alexandre Pais

Lisboa fez justiça ao arquiteto Nuno Teotónio Pereira

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Arquitecto Nuno Teotónio Pereira recebeu Medalha de Mérito Municipal, Grau Ouro, da CM Lisboa

Foram muitos os amigos, colegas e admiradores do arquitecto Nuno Teotónio Pereira que, no dia 27 de Abril, assistiram, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, à cerimónia da entrega ao ilustre cidadão, pelas mãos do presidente da Câmara, da maior distinção municipal.

Perante um Salão Nobre dos Paços do Concelho repleto de familiares, amigos, colegas, discípulos e admiradores – para além de diversos membros da Vereação lisboeta e da presidente da Assembleia Municipal de Lisboa, Simonetta Luz Afonso – o arquitecto Nuno Teotónio Pereira recebeu das mãos de António Costa, presidente da CML, a maior distinção municipal (a medalha de Mérito Municipal, Grau Ouro), assim se concretizando a deliberação camarária de 3 de Março passado. A cerimónia – que, a pedido do homenageado, se pretendia tão discreta quanto possível -decorreu no dia 27 de Abril, precisamente 36 anos depois da sua libertação, na sequência da Revolução de 25 de Abril de 1974, do presídio de Caxias, onde se encontrava na qualidade de preso político às ordens da PIDE-DGS.

Depois da exibição de um documentário biográfico sobre o homenageado, produzido pela Videoteca Municipal, João Belo Rodeia, que preside à Ordem dos Arquitectos, evocou o exemplo do arquitecto Nuno Teotónio Pereira, que considerou ser “um dos mais paradigmáticos arquitectos portugueses e uma das mais destacadas personalidades da Arquitectura”, e apodando o seu atelier de “verdadeira escola”. Tendo recordado alguns dos principais trabalhos que catapultaram a obra do arquitecto Teotónio Pereira para o conhecimento público, o responsável pela Ordem dos Arquitectos aludiu também à “dimensão cívica imparável” do distinguido, hoje com 88 anos, quer na promoção do associativismo dos seus pares, quer como pioneiro das causas ambientais, quer na promoção de uma arquitectura humanizada e de um urbanismo social, quer, ainda, na intervenção política, destacando-se em todas estas dimensões da sua actividade como um cidadão “inconformado e generoso”.

Depois de receber das mãos do presidente da Câmara, António Costa, a Medalha com que foi distinguido, o arquitecto Nuno Teotónio Pereira agradeceu a homenagem, “não porque sentisse o merecimento mas com o orgulho que é o orgulho por Lisboa – uma das mais belas cidades do mundo”. O homenageado confidenciou ter sido ainda na infância, durante longos passeios pelos bairros da cidade, na companhia do pai, que aprendeu a amar Lisboa. Depois, recordou, já quando estudante de Arquitectura na Faculdade de Belas Artes, teve ocasião de aprofundar esse amor em novos passeios, tendo por guia os diferentes fascículos das “Peregrinações Por Lisboa”, de Norberto Araújo. Não mais deixou de acompanhar a grande produção de estudos dedicados à História de Lisboa, tradição que se mantém na actualidade com a edição de novos e qualificados títulos, conforme regista com agrado (de facto, Lisboa é exemplo único no Mundo enquanto fértil fonte da historiografia, levando à autonomia da disciplina da História que é a Olisipografia).

O arquitecto teve ainda ensejo de lembrar a extensa colaboração que manteve com a Câmara Municipal de Lisboa ao longo da sua vida profissional, sempre com o intuito de “tornar a cidade mais rica”. Nuno teotónio Pereira terminou constatando que “estamos hoje perante uma Câmara decidida a levar por diante o que falta à cidade, como o Plano Local de Habitação, a reabilitação urbana e o repovoamento da cidade, para que Lisboa seja ainda mais bonita”. No final, o arquitecto ofereceu ao presidente da Câmara, António Costa, uma colecção de artigos e outros trabalhos escritos de sua autoria que se conservam inéditos.

A encerrar a cerimónia, o presidente da CML, António Costa, justificou a atribuição da Medalha de Mérito Municipal, Grau Ouro, a “este arquitecto tão premiado e homenageado” pela simples constatação de que lhe “faltava esta distinção, como um grande e merecido agradecimento da cidade”. António Costa referiu-se à Arquitectura como “a arte mais presente na nossa vida quotidiana” para, depois de evocar alguns dos trabalhos mais emblemáticos do arquitecto agraciado espalhados pela cidade, sentenciar que a Arquitectura “hoje é melhor e nela está a marca de Nuno Teotónio Pereira, que, com o seu trabalho, deixou a cidade mais rica e mais bonita”. Para além dessa marca profissional, o autarca aludiu ainda a outras relevantes intervenções cívicas de Nuno Teotónio Pereira, nas áreas do associativismo, das inquietações sociais e humanistas nos campos da Arquitectura e do Urbanismo e da luta política pela Liberdade.

Com a colecção de escritos inéditos de Teotónio Pereira na mão, oferecidos pelo autor, António Costa asseverou que a Câmara não deixará de patrocionar a sua edição – o que foi acolhido com satisfação por todos os presentes dado que, para lá de acto de justo merecimento, a voz sábia de Nuno Teotónio Pereira continua suscitando o maior interesse.

Saiba mais sobre o percurso do arquitecto Nuno Teotónio Pereira, que foi presidente da Associação dos Arquitectos Portugueses e do Colégio dos Arquitectos da Europa e distinguido com alguns dos mais prestigiados prémios de Arquitectura, consultando as páginas do Núcleio de Arquitectura e Urbbanismo do LNEC:

http://www-ext.lnec.pt/LNEC/DED/NA/arq/ntp/p-ntp.htm
http://www-ext.lnec.pt/LNEC/DED/NA/arq/ntp/prjobr/prjobr.htm

Divisão de Comunicação e Imagem  
Câmara Municipal de Lisboa

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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