Um dos maiores trunfos de Pinto da Costa, provavelmente aquele que fez do FC Porto o que ele é hoje, não passa de algo muito simples: o presidente portista nasceu para a música, perdão, nasceu com jeito para a função.
No Benfica, Luís Filipe Vieira foi durante anos apenas um líder voltado para o negócio e por isso os encarnados se salvaram da bancarrota. Mas só com o tempo conseguiu ganhar a sagacidade política que o levou agora à organização da homenagem aos mineiros de San José e à oferta de uma camisola com a inscrição “coragem” ao embaixador do Chile (Fernando Ayala, com Vieira, na foto). Nem o presidente populista Sebastian Piñeda seria mais oportuno!
Perguntar-me-ão: o que tem isso a ver com o Benfica? Tudo. A grandeza de um clube e os êxitos desportivos resultantes dessa grandeza constroem-se desse modo. E fico até a pensar o que teria feito Vieira, ou do que já se teria lembrado Pinto da Costa, se tivessem nos seus plantéis dois, logo dois, futebolistas chilenos.
A qualidade humana e o nível social, sendo louváveis, não mudam o berço dos que não nasceram para a música.
Passe curto, publicado na edição impressa de Record de 20 outubro 2010