Fiquei com uma ligação particular ao “Big Brother” quando, há 20 anos, ganhei a aposta que fez renascer o já moribundo diário “24horas”, ao enviar para Barrancos, à procura da família do Zé Maria – e perante o cenho franzido do diretor – a repórter Filomena Araújo. A imediata subida de 50% das vendas salvou então o jornal. Vi, por isso, com apreensão a decisão de se lançar, nas atuais circunstâncias, a versão “Zoom” do “reality show” que mudou a televisão – e a minha própria vida.
É que o êxito dos “BB” e quejandos assenta demasiado na conflitualidade que a reclusão coletiva gera nos concorrentes e nas cenas de alarvice que interpretam. Ter de os manter separados é um entrave pesado, agravado pela opção corajosa da TVI de formar, desta vez, um grupo de gente mais normal, em que de algum modo o público jovem se pudesse rever.
O resultado da estreia, no domingo – a sexta posição e menos meio milhão de espectadores que o desempenho de Ricardo Araújo Pereira, na SIC – não foi encorajador. Até porque no ante prime time, logo na segunda-feira, o “BB” ficou em terceiro, atrás do “Agricultor” e de mais uma repetição de “O Preço Certo” – que quase lhe duplicou a audiência. Sinto-me triste, confesso.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 2mai20
Lançar o "Big Brother" foi uma opção de risco
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