Não me lembro de alguma vez a contratação de um profissional de televisão ter motivado o aparato mediático que há uma semana vimos no retorno de Júlia Pinheiro à SIC. Tudo pareceu um pouco exagerado, desde a troca de ternuras de plástico entre Ana Marques e a filha-pródiga, ao longo do directo, até à simulação da assinatura do contrato, com Francisco Balsemão lado a lado com a vedeta.
Mas os relampejantes festejos de Carnaxide City não foram uma manifestação de mau gosto. Tratou-se, em boa verdade, de um acontecimento numa actividade em que, goste-se ou não, contam as audiências e valem os protagonistas.
Júlia Pinheiro, que passou do jornalismo ao serviço público, da provocação da “Noite da Má Língua” à apresentação de programas populares, nunca se livrou da voz de falsete – que está afinal ligada ao seu sucesso – nem se deixou tomar por complexos ao especializar-se naquelas horas de divertimento que os intelectuais odeiam mas cujo único pecado é fazer as pessoas felizes.
Além do mais, quem pode resistir hoje ao charme de uma mulher que se designa a si própria por “palhaça”? – pelas características do seu trabalho, obviamente. Sim, estamos mesmo perante uma estrela. Portuguesa e ainda assim brilhante.
Antena paranóica, publicado na edção impressa do Correio da Manhã de 22 janeiro 2011