Quando se ganha, qualquer marreco é considerado uma estrela. Da mesma forma, quando se perde, nem um príncipe consegue evitar que os cães lhe façam qualquer coisa em cima.
Jorge Jesus viveu no Benfica uma época maravilhosa, foi campeão e viu-se tratado como um herói.
Agora, que soma quatro derrotas nos quatro últimos jogos (com dois golos marcados e sete sofridos), que acaba de assinar o pior início de campeonato do Benfica nos últimos 60 anos, que pode ficar hoje com 6 pontos de atraso em relação ao rival FC Porto e que tem a olhar para ele, de sobrolho franzido, a generalidade dos adeptos encarnados, Jesus volta uns anos atrás no seu percurso e tem outra vez de fazer pela vida.
A sua obsessão por um guarda-redes pouco seguro, intranquilo e azarado pode, por si só, acabar com a sua carreira no Benfica.
Como admirador das suas qualidades de treinador, espero que seja inteligente, que reconheça o erro e que aproveite a oportunidade que ainda tem para o emendar. Olhe, aquele Rafael Bracalli que encheu ontem a baliza do Nacional servia bem. Se calhar, com menos de 1 milhão de euros o Benfica salvava a época e salvava a pele do seu técnico.
Mas se quiser insistir com Roberto, Jesus irá afundar-se com ele e arrastar o Benfica para o insucesso. Ou seja, vai tirar-lhe tudo o que lhe deu.
Passe curto, publicado na edição impressa de Record de 23 agosto 2010